domingo, 27 de setembro de 2009

A Carta Que Não Te Enviei


Nós somos assim...

Iguais porque no fundo não conseguimos ficar muito tempo no mesmo sítio...porque é difícil comprometer o comprometido, gostamos de perder a cabeça nos prazeres da vida e gostamos de estar um com o outro...só que ás vezes o teu gostar é demasiado cómodo, fica-se pelo óbvio quando eu preciso de mais...o teu gostar fica também pelo momento...ora está perfeito ora é ilusão...a nossa igualdade torna as nossas diferenças abismais e são elas que entram sempre em conflito fazendo faísca a tornando a situação á deriva...

Somos iguais porque tens o mesmo medo que o meu, no fundo queres estar abraçado a noite toda mas algo insiste em te afastar e tu afastas-te como se de uma ordem se tratasse, como se fosse o correcto a fazer, como se privasses a tua emoção de soltar um grito ás vezes....

Somos diferentes...porque tens manias que não compreendo, porque pareces sempre querer enaltecer as mesmas quando menos deves, somos diferentes porque eu ao menos tento, quero tentar, deixo-te voltar e deixo-te ficar, porque vais embora e eu não....fico aqui, como se faltasse ainda uma palavra por dizer...

Somos diferentes, oh se somos, o teu ego é enorme e facilmente ferido, eu aprendi de outro modo, sei dar o braço a torçer, não preciso de tempo para pensar nem de tempo para reflectir, eu sou eu, assim...não preciso de nada que me torne mais racional, já tu escondes as tuas inseguranças em desculpas irracionais, como se por vezes perdesses a cabeça e cometesses uma loucura...e depois voltas de novo, meio renovado meio idealista...

Vens num cavalo branco, daqueles em que nunca acreditei ou depositei esperança, mas eu, como sempre, escondo essa dúvida e recebo-te, ouvindo as ousadias e mordendo outra vez a maçã...

Quis acreditar que no fundo sentias o mesmo que o eu, por mais panos que tapassem a verdade, achei que mudavas uma e outra vez, não mudaste e o sentimento de conformismo é igual...

Sabes o que eu queria? Que aquela pessoa que chegou cá há uns meses estivesse assim, que me surpreendesses e não tomasses nada como garantido, que viesse envolto de prespectivas e que partilhasses comigo aquilo que realmente és...

Sabes o que és? És alguém que vai continuar a fugir, que volta porque se sente bem por momentos, que vai olhar pa trás e o que vai ver são momentos, momentos ao acaso que no fundo apenas esboçaram um sorriso mas que não construiram nada....És o sopro do futuro que vai ficando pelo que conheçe, trincando pouco a pouco mais um prazer....És alguém que podia ter tido tudo, mas que julga que está bem de mais para o fazer...entendes o que digo....

Voltar a ver-te é sempre assim, ás vezes atiras-me uma pedra ao peito e aos poucos vou tentando respirar, outras, passas despercebido como se alguém me avisasse do que está para vir...a verdade é que estás presente há muito tempo e eu continuo a ter que te decifrar como se o teu manual de instruções mudasse cada vez que vais embora...continuo sem saber ao certo quem és e se o que me dizes corresponde ao que pensas...és sempre uma incógnita e por mais que isso te pareça óptimo para mim é apenas mais uma forma de não saber lidar, de não saber estar, de não saber o que dizer, o que fazer....então desabafo por entre as palavras que escrevo de forma a garantir que nada ficou por dizer...que consegui sem interrupções dizer-te...isto!

Não está em causa saber quem tem razão ou fazer disto uma tempestade que apenas prolonga o desequilibro, aqui está por incerto a minha certeza, está por saber realmente o que fazer...contigo...está por aqui a escolha do melhor caminho...contigo ou sem ti...

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